sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

bye bye so long after shave

Desta vez o bye bye so long after shave significa a nossa despedida prematura deste projecto. Despedida, mas não desistência. Pode ser ainda que um dia se concretize, pois não sou de desistências fáceis.

Se se lembram a primeira mensagem dava o título a este blogue e referia o autor desta frase tão peculiar, o escultor Gustavo Bastos, tio da Rita, falecido em 2014.
A sua obra espalhou-se por todo o Portugal, mesmo naquele além-mar, como se chegou a designar.


Por ironia do destino terminámos esta a nossa pequena odisseia no Mindelo, em Cabo Verde, onde está erguida uma estátua (1956) do tio Gustavo, mesmo junto à réplica da Torre de Belém.
Ao que apurámos não será o lugar original, mas de certeza o mais adequado.


Dali, olhando para o mar, moldado pelas mãos do tio Gustavo, está Diogo Afonso navegador que no século XV terá descoberto, entre outras, a ilha de S.Vicente no dia do santo que lhe deu o nome.


E não me parece haver melhor maneira de terminar este blogue, senão com um
 
bye bye so long after shave






terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Mindelo

O Mindelo conserva ainda uma originalidade da presença portuguesa em Cabo Verde e qualquer coisa de África difícil de explicar. Só mesmo sentindo, e no local.
Foi o que aconteceu quando em 2000, integrado no cruzeiro da ANC Brasil500, conheci esta cidade. Pouco tempo depois tornei a voltar com a promessa de voltar sempre que possível.
E cá estou!

Avenida Marginal
Praça Nova
Largo da Igreja N. Senhora da Luz
O típico Café Lisboa






















A arquitectura colonial mantém-se ainda na zona mais ribeirinha graças a programas de recuperação, pois sabem que uma das fontes de receita é o turismo, em crescendo em todo o arquipélago. 

Casa Café Mindelo
A marginal












Aqui o turismo é mais cultural e pouco de massas como nas ilhas do Sal e Boavista. À noite os passeios são ritmados pelas mornas e funanás nos restaurantes e bares da cidade. Os pratos de peixe são imperdíveis!


Durante o dia aprecia-se também o comércio e os hábitos quotidianos.

A cores tão típicas ...
Mercado Hortícola









Loja de aprestos vários
Para quem gosta de bananas...












É na praia da Laginha, com uma água azul temperada e areia fina, que descansamos de não fazer nada. Hora de pôr a leitura em dia...

No bar da praia com o Monte ou Cabeça Washington ao fundo
 
Praia da Laginha
Sim, estou ali ao meio!











O porto, abrigado numa ampla baía, servia antigamente de escala aos vapores que vinham abastecer-se na ilha de carvão.

Lá ao fundo o paquete AIDA
O pescado chega assim ao cais do mercado
Mercado do peixe

Marina




















Agora escalam veleiros que iniciam travessias oceânicas, grandes paquetes de cruzeiro e claro que pequenos barcos de pesca descarregam o seu pescado no mercado de peixe.
Foi daqui que largaram os veleiros da ARC com destino a St. Lucia do lado de lá do Atlântico.

Largada da frota rumo às Caraíbas
O ALLEGRO a perseguir a frota...











E foi também daqui que ficámos a vê-los partir. Nós, daí a dois dias regressámos a Lisboa.

Os nossos desejos de uma boa travessia para todos que nesta altura já sabemos ter corrido bem apesar de alguns contratempos.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

S. Antão

Separado pelo canal de S. Vicente fica, do outro lado, a ilha de S. Antão. É ligada por dois ferries que demoram meia-hora ou uma hora conforme o tipo de barco, do Mindelo a Porto Novo. O catamaran é mais rápido mas também mais caro.
O ferry mais «lento» ...
Ilhéu dos Pássaros à saída do Mindelo
Meia hora depois Porto Novo à vista
S. Vicente vista de S.Antão











No cais esperava-nos um amigo da Rita, Arlindo Évora, um dos elementos de um dos mais famosos grupos musicais de Cabo Verde. Os "Cordas do Sol" ganharam todos os prémios (melhor álbum, letra, música) em 2013. Nesse ano ainda fecharam o famoso festival da Baía das Gatas. Uma honra e grande responsabilidade. Já os conhecíamos de um concerto em Lisboa onde o ritmo nos arrebatou por completo. 

Com tudo organizado o Arlindo foi inexcedível em nos receber da melhor maneira, que se traduz em Cabo Verde por "Morabeza".
Subida para a montanha

A estrada de «Sintra» ...











Esta ilha é única em todo o arquipélago. Se todas quase que só têm pedras, S.Antão, a ilha verde, tem uma vegetação luxuriante. As fotos falam por si, pois as paisagens deixam-nos sem palavras.


É nesta ilha que se produz a horticultura exportada para o resto do arquipélago. Nas encostas em socalcos a lembrarem-nos o Douro e nas crateras dos vulcões, encontramos a terra bem cuidada e completamente cultivada.E verde, sempre muito verde.

Agricultura na cratera
Plantação de cana do açúcar




Aqui no alto faz frio
Lá em baixo adivinha-se S.Vicente
 


































Para chegarmos a Ribeira Grande do outro lado, as estradas em calçada, curvam por entre a floresta e sobem pela montanha para nos oferecerem vistas deslumbrantes.

O Arlindo, Massada e a Rita
Ribeira Grande











Depois de um belíssimo almoço já tardio, de peixe, em Pedra Cin, iniciámos o regresso porque o último barco largava às 17h00. Vínhamos avisados de que era a única coisa em todo o arquipélago a cumprir rigorosamente os horários.
Almoço com o Arlindo em Pedra Cin. Peixe para variar...

Foi uma louca corrida até ao cais e nem parámos na cancela onde o guarda ficou a falar sózinho. A porta do ferry estava a fechar e parou indecisa quando nos viu aproximar. O famoso «jeitinho» lá funcionou, mas não foi fácil. O Arlindo escreveu-nos mais tarde a descrever o momento:
"E para marcar ainda mais, houve o episódio «de quase ter de ficar e quase ter de partir» com a rampa do barco fechada meio a decidir o destino do dia".

Estrada de regresso em Paúl

Resta-nos agradecer este dia fantástico ao Arlindo e ao motorista Massada que nos guiou neste dia.
Ficou a promessa de voltar.



domingo, 21 de dezembro de 2014

S. Vicente

Ao abandonar este projecto restou-nos, antes de regressarmos a Lisboa, conhecermos um pouco melhor S.Vicente.
Mesmo à saída da marina contratámos um motorista para darmos uma curta volta à ilha.
A primeira etapa foi a subida até ao Monte Verde, o ponto mais alto e com um panorama de 360°.
Estrada ingreme e estreita ainda em paralelepípedos, murada por falésias íngremes de onde caem pedras, testemunhado pelos sinais de aviso ao longo do caminho.
A chuva, rara em quase todo o arquipélago, apareceu no cume, fraca, quase sem nos molhar, mas a vista entre as nuvens escuras foi deslumbrante.

Subida pelo Monte Verde

Vista do Mindelo
 


Baía das Gatas lá do alto
Vista do lado sul













Seguiu-se a estrada até à povoação pesqueira de Calhau. Passámos a Praia Grande na melhor estrada da ilha. Um novo empreendimento está a nascer aqui perto e revela um início de massificação turística. Pode ser que não pegue e a ilha consiga manter alguma da sua autenticidade.
Praia Grande com Baía das Gatas
Areal da Praia Grande











Em Calhau assistimos à chegada de pescadores nas suas embarcações tradicionais com o típico aparelho latino. Velas de sacas de arroz, mastros e verga de simples troncos de madeira, cabos cosidos de restos, lastro de pedras (ou calhaus...). Tudo muito simples mas manejado com muita mestria.
Vão até Sta.Luzia, a única ilha desabitada. Na volta o pescado é sempre pouco para alimentar as famílias que aguardam na praia. A principal característica é a entreajuda.

Calhau
Velas de sacas de arroz...




  
                        
                      

Regresso da pesca. Sta.Luzia ao fundo
Entreajuda






                                                                                                  





A estrada de regresso levou-nos até à Baía das Gatas onde almoçámos com o nosso motorista Rui. O local é famoso pelo festival que se realiza em Agosto e que enche com milhares de entusiastas da música, principalmente Cabo-Verdiana. A praia, de águas mornas, é outro dos locais preferidos pelos visitantes.

Baía das Gatas
Cerveja Strela








Almoço de peixe
A minha garoupa vermelha









              



A próxima visita será a S. Antão, uma das ilhas mesmo ali ao lado...